Política x Imprensa – Algumas farpas trocadas


Na universidade já me perguntaram como é o clima na Câmara de Vereadores. Queriam saber se os jornalistas disputam entre eles a notícia ou, ainda, se o ego-jornalístico é muito evidente (?). Nunca constatei coisas desse tipo. Na maioria das vezes que fui à Câmara, fui bem tratado e recepcionado, sejam empregados da Folha (Fábio Cavazotti e Janaina Garcia), do JL (Marcelo Frazão e Fábio Silveira), da Rádio Brasil Sul(Fábio Cavazotti), CBN(Lucas Pulin) ou ainda da própria Casa.

E sobre as farpas, queria falar inicialmente do cutucão feito pelo Prefeito Nedson Micheleti (PT) ao Jornalista Fabio Cavazotti durante a festa de homologação dos candidatos do PT em junho. O prefeito, em seu discurso no palco para os militantes, contou que estava dando uma entrevista momentos antes na Rádio Brasil Sul e creditou o teor das questões à falta de conhecimento do jornalista com a cidade de Londrina. “Ele precisa sair lá da radio para ver”, disse o petista.

Mas é eu que pergunto:
Quantas vezes alguém viu um prefeito, vereador, deputado, senador, governador ou presidente, dando voltas no calçadão de sua cidade? Não vale inaugurações ou exibições em anos-eleitoráis.

Não é raro, é mais que isso: é raríssimo.

O segundo cutucão, esse um pouco mais inflamado, veio por e-mail na coluna diária do jornalista Délio Cesar e teve o mesmo alvo do prefeito. Segundo o texto, Fabio Cavazotti foi agressivo ao falar do vereador Roberto kanashiro (PSDB) em seu programa radiofonico. Délio Cesar faz a defesa do vereador tucano e escreve que “esses caga-regras do microfone (Fabio Cavazotti) acusam, julgam e querem até executar. Quem é o dono da Rádio Clube? Ah sim, o Barbosa Neto. Então, tudo parece explicado.”

Para mim, a defesa explícita também teve uma explicação:
Roberto Kanashiro foi presidente da Caapsml na gestão do ex-prefeito Wilson Moreira e é o atual líder da bancada do PSDB na Câmara Municipal. Já Délio Cesar, em sua vida política, foi vice-prefeito na gestão Wilson Moreira(PSDB).

Oras, é notável.

Portanto, o politico legitima e sanciona ações que nos levam do paraíso ao caos – às vezes sem ler, ver, conhecer ou votar. O jornalista chama de “Dono da Verdade” o outro de modo irônico, numa forma de cravar a sua palavra como a suposta verdade.

Porém, acho que este tipo de debate acaba se tornando algo saudável. A cada crítica levantada, independente das partes, ocorre uma crítica da crítica. É uma verdadeira disputa de viés, que faz bem para o leitor e o receptor. E no final, sem dúvidas, todos devem estar cantando a mesma canção, “Ouça o que eu digo: Não ouça ninguém”.

1 comentário

Arquivado em candidatos locais, Eleições 2008, jornalismo, legislativo municipal, Londrina, Manipulações, política

Uma resposta para “Política x Imprensa – Algumas farpas trocadas

  1. Marcelo Frazao

    Caro Ortega:
    Em meio `a mesmice da imprensa londrinense, da qual fa’co parte, obviamente, me ‘e sempre um prazer ler o seu blog.
    Bom, o Cavazotti eh meu amigo, deixo isso claro. Mas quando erra, toma pau como qualquer um – jornalista, no fim das contas, no frigir dos ovos, nao tem amigo. Mas nao foi o caso nesse episodio. Ouvi o comentario na radio sobre Kanashiro e o Cavazotti foi muito claro. Vc mesmo ja deve ter ouvido as entrevistas do vereador, que sem duvida ‘e probo, mas ninguem aguenta mais a ladainha de “a comissao vai receber da Mesa Executiva, vai encaminhar para a Procuradoria, vai analisar o caso, vai julgar se os responsaveis sao inocentes ou sao culpados” . So falta terminar com a ladainha do Lula: ” Ao final que os culpados sejam punidos e os inocentes… inocentados!” Brilhante! A maior parte das declaracoes do vereador esta escrita no codigo de etica. Entao temos uma decisao: no lugar de entrevistar o vereador Kanashiro a procura de declaracoes mais contundentes, passemos a reproduzir o que esta no codigo de etica, que ele sabe repetir e repetir tao bem. Da sono ouvir isso quando se espera ouvir algo mais elaborado do ponto de vista politico, principalmente quando temos 10, 11 vereadores de dezoito implicados em escandalos. Enfim, a imprensa acostumou-se a colocar o “vamos estar estando tomando as devidas providencias”, como se isso fizesse alguma diferenca. A cobranca do Cavazotti foi no mesmo sentido – o de que a grave situa’cao exige mais do que a mera repeticao do codigo de etica. Alias, quando voltar, vou comecar a copiar o codigo de etica como aspas do dito vereador. E outra: se trabalha bem, como vocifera o Delio Cesar, nao faz mais do que a mera obrigacao. Desculpe a falta de cedilhas e acentos – estou nos EUA e os teclados daqui nao tem muito apre’co pelo linguajar latino americano.
    grande abraco e continue sentando a pua!

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